quarta-feira, 11 de maio de 2011

Depoimento

Ao chegar no sábado de manhã na rua dos prédios da Associação Budista Nitiren no bairro de Vergueiro houve a primeira grande mudança sobre a impressão de um movimento ideológico milenar oriental.
Na movimentada rua comercial esta imponente o conjunto de dois grandes prédios se enfrentando de ambas calçadas e, um terceiro prédio jardinado que abriga os eventos culturais e reuniões dos membros.
Assim que chegamos fomos recebidos na portaria que, apesar da hora marcada não possuía nenhum aviso sobre a visita. Porém, esclarecido o nome do nosso entrevistado fomos levados ao hall de entrada aonde, espontaneamente, de um pequeno grupo de orientais que ali estavam, Felipe Fujii, vice responsável da divisão de jovens da associação, se dispôs a nos atender em uma breve espera pelo entrevistado que nos aguardava.
Logo, uma pequena sala contornada de poltronas, mesa de centro e quadros de fotografia de flores nas paredes foi disponibilizada para a nossa conversa.
Quando questionado sobre a possibilidade de filmar o diálogo, negociou-se a gravação somente do áudio da entrevista e, foi assim que ocorreu.
Após uma extensa introdução às experiências que o budismo possibilitou para a vida pessoal, estudantil e profissional de Felipe, uma coisa ficou clara, a importância que se dá a formação do ser humano desde sua infância até o alcance do pleno entendimento da cidadã filosofia budista, na vida adulta.
O jovem Felipe de vinte e oito anos, praticante do budismo desde os seus cinco anos de idade, ressaltou diversas vezes um dos mais importantes lembretes dos seus ensinamentos que é dar merecido respeito aos pais, a saúde e aos estudos. Essa é a base do aprendizado das crianças da associação Nitiren.
Assim, após mas alguns instantes de exposição de um complexo conhecimento sobre as causas e conseqüências do budismo sobre a vida, agruparam-se a conversa mais três membros da juventude da associação, e uma outra abordagem foi colocada em questão, a sociedade.
Kelly, uma oriental de 24 anos, citou a meta da filosofia budista Nitiren como sendo a felicidade coletiva baseada na auto realização individual, tendo como conseqüência natural, uma sociedade saudável curada por um senso de cidadania que deriva do respeito aos próximos.
Uma pergunta complementar foi levantada e o entrevistado que havia marcado nossa visita, que já estava nos acompanhando em nossos questionamentos respondeu. Sendo o budismo uma religião que acredita num ciclo de reencarnação até que o ser atinja a iluminação pelo conhecimento de todas as coisas, qual é a visão e a importância que o indivíduo budista tem por uma sociedade “passageira”, da qual não fará parte por mais de uma encarnação?
A resposta foi simples e pode ser ilustrada por uma parábola que cita um viajante feliz, que possuía em sua bolsa somente três bananas. Uma já muito madura, estragada, outra, verde e ainda não poderia ser consumida e, por fim, uma amarela e perfeita para satisfazer sua fome. Assim foi descrita a responsabilidade e o respeito pela sociedade na qual se vive no presente e, que produzirá um bom carma.
Em seguida, fomos levados a indagar sobre qual a maior pretensão do budismo como um todo, a pratica de sua filosofia de formação humana cidadã ou religiosa em busca da iluminação ao divino.
Foi esclarecido que o budismo é, sim, uma religião que possui sua filosofia baseada não em pontos radicais opostos, como profano e sagrado e, sim, no caminho do meio, um de seus ensinamentos mais importantes e originários de Siddhartha Gautama, Buda.
Com isso, eles vêem a possibilidade de viverem uma vida moderna, jovial e comum a qualquer pessoa não praticante de sua religião. Daí vem a grande diferença do budismo Nitiren a outras vertentes budista como a zen; eles não procuram o isolamento em mosteiros de monges para uma vida de meditação, mas vivem em um caminho adequado ao mundo atual e ordinário.
Talvez, por isso contaram nunca haverem sofrido nenhuma discriminação por pessoas alheias às suas praticas, ou até mesmo, de outras religiões.

"...(continuação)..."


Ardim Junior

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